A REFORMA PROTESTANTE 499 ANOS
A
REFORMA PROTESTANTE 499 ANOS
Os
princípios fundamentais da Reforma protestante: Sola fide latim (somente a fé);
Sola scriptura (somente a Escritura); Solus Christus (somente Jesus é o Cristo);
Sola gratia (somente a graça); Soli Deo gloria (glória somente a Deus). Os
cinco solas sintetizam os credos teológicos básicos dos reformadores, pilares
os quais creram ser essenciais da vida e prática cristã. Todos os cinco
implicitamente rejeitam ou se contrapõem aos ensinamentos da então dominante
Igreja Romana, a qual tinha, na mente dos reformadores, usurpado atributos
divinos ou qualidades para a Igreja e sua hierarquia, especialmente seu
superior, o Papa.
O
que foi a Reforma Protestante? O que ela significa?
Em 31 de outubro de 1517 o monge
Martinho Lutero que era Doutor e Professor na Universidade de Witemberg, na
Alemanha, afixou uma lista de 95 teses na porta da Igreja com o propósito de
serem analisadas e discutidas. Trouxe uma grande reação no mundo eclesiástico
da época e deflagrou a Reforma Protestante do século XVI.
Provocando grande influência não só
na Europa, mas em todo mundo. A Reforma significa que a Igreja passou por uma
restauração, onde o clímax foi o retorno à Palavra de Deus. Podemos dizer que o
ponto alto da Reforma foi o retroceder de uma igreja desviada da Palavra de
Deus para os caminhos da verdade.
A Reforma foi uma volta à Palavra
de Deus. Na essência não somos, luteranos, não temos oficialmente um nome de um
homem — Lutero, Calvino, Armínio, Pelagio, John Knoxx — apesar da grandeza destes,
somos reformados.
Somos a igreja de Cristo, a noiva
de Cristo, a Igreja que sempre existiu e existirá. Uma Igreja que experimentou
o processo de voltar à Palavra de Deus.
Somos a Igreja Católica que
significa universal, a Igreja de Cristo em todo mundo. Uma Igreja que se livrou
das doutrinas e acréscimos dos homens e volta-se para a Palavra de Deus. Temos
vários nomes de heróis da fé, mas somos uma Igreja.
Uma
Igreja que voltou para a Palavra de Deus; tem a doutrina Reformada, sua confissão
é Reformada e seu sistema de governo é bíblico.
Como
era a situação há 499 anos atrás?
Era uma situação terrível e triste
porque os homens viviam sob o medo; só conseguiam ver um Deus irado,
enraivecido, que ditava castigos e julgamentos sobre a terra. No século XIV devido
a peste bubônica morreu dezenas de milhares de pessoas até o século XVI,
milhares passavam por muitos sofrimentos, aflições e catástrofes. A igreja da
época se aproveitou disso para ensinar sobre um Deus carrasco que, irado,
bradava com o povo exigindo arrependimento. Mas o povo não tinha a Bíblia para
entender quem era Deus e como Ele se revelava na Sua Palavra. O povo só tinha o
que o padre dizia em latim, na missa (um ritual apenas).
Isso levou as pessoas a ficarem
ignorantes da Palavra e a consequência foi um povo extremamente supersticioso
vivendo numa atmosfera de medo, sob ameaças da excomunhão, o inferno,
purgatório, pecado e a ira de Deus. Muitos atos humanos eram vistos como algo
demoníaco; via-se bruxas e vultos em todo lugar. Foi um período de muita
superstição e não havia a luz da Palavra de Deus.
Por isso o povo andava nas trevas,
obscurecido, confuso, perdido e triste. Sem a luz – a bíblia - as pessoas não
sabiam como fiscalizar o que os padres nas igrejas estavam dizendo. Os padres,
bispos, cardeais e o papa podiam inventar qualquer coisa e afirmar que aquilo
era o que Deus dizia. Na época, não era a Palavra de Deus que era autoridade,
mas especialmente a tradição da Igreja (Deus falava através da Igreja).
Portanto, qualquer coisa que o Papa imaginasse, isso era colocado como
doutrina.
A
era das indulgências
A igreja se aproveitou do medo para
roubar o povo, usando como pretexto ensinos como purgatório, inferno, um Deus
enraivecido, e, então, os clérigos conclamavam que dessem dinheiro para a
Igreja, para Deus, e Ele receberia estas pessoas caridosas. Dessa forma a
Igreja conseguiu construir grandes catedrais e os bispos e cardeais ficavam
cada vez mais ricos e o povo mais pobre. Foi nesta época que o padre João
Tetzel teve uma missão especial. Ele ia por todos os lugares falando em nome de
Deus e do Papa dizendo:
“Venham comprar este pedaço de
papel, um documento que garante perdão a todos os seus pecados e, assim, terão
acesso ao céu. Além disso, poderão comprá-lo para toda família e até para
pessoas que já morreram. Se você gostava muito de seu avô que já morreu, isso
poderá livrá-lo do purgatório”.
Primeiro ele pregava sobre o
purgatório, o inferno e sobre o irmão de alguém que poderia estar sofrendo
muito no fogo. Depois ele oferecia este documento chamado de indulgência e num
momento, quando a moeda caísse dentro da caixa, a alma dos mortos pularia do
purgatório para o céu. Todos queriam comprar este papel a João Tetzel para ter
a garantia de que seus pecados e de seus familiares estavam perdoados,
inclusive os que já haviam morrido. Assim, depois de receberem o perdão,
poderiam viver de qualquer forma, fazendo o que desejavam, porque já haviam
comprado o perdão e a salvação.
Lutero, vendo isso a partir do
estudo da Bíblia, notou que era completamente contrário à Palavra de Deus. A
Igreja estava tratando o arrependimento como um ato e não com um estilo de
vida. Essa diferença é importante. A Bíblia na época era escrita em latim e o
povo não tinha acesso a ela. Por exemplo: em Mateus 4:17, lemos: “Daí por
diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o
reino dos céus”.
Lutero tomou a Bíblia no grego, uma
obra do erudito Erasmus de Roterdã, e viu que não era “fazei penitência” e sim
“arrependei-vos ou convertei-vos”. O verbo não significa um ato de fazer alguma
coisa, mas “humildemente tenha uma mudança de mente e de coração”.
Por isso, em suas 95 teses, Lutero
colocou como a primeira tese: “Nosso Senhor e mestre Jesus Cristo, em dizendo,
arrependei-vos, afirmava que toda a vida dos fiéis deve ser um ato de
arrependimento”. Então, essa mudança de mente e de coração deve se manifestar
numa vida de santificação. Isso tinha consequências importantes e práticas.
A conversão do homem pecador é o
dom de Deus que nos é dado como um presente para termos comunhão com Ele; para
todos aqueles que, pela fé, vão a Cristo.
Lutero entendeu estas coisas e
afixou suas noventa e cinco teses na porta do Castelo de Witemberg e provocou
uma “explosão” no mundo de então. Numa época em que a Igreja e Estado estavam
juntos, as coisas que aconteciam na Igreja repercutiam em toda sociedade. Este
é mais ou menos um resumo do que estava acontecendo naqueles dias.
O
Brasil atual e a reforma
Existem muitas igrejas de confissão
reformada. Porém, o Brasil precisa de uma reforma, à semelhança da idade média
onde as pessoas eram completamente ignorantes da graça de Deus. Assim, as
pessoas nas igrejas que se dizem evangélicas, estão sofrendo por não conhecer a
graça de Deus em Cristo Jesus; não conhecem o nível de certeza do perdão nem a
remissão dos seus pecados.
Falsos mestres provocam medo,
confusão, superstição e levam muitas pessoas a tomarem as mais variadas
atitudes em busca do perdão divino, de alguma forma comprarem a Sua Graça. Mas
a graça é algo dado pelo Senhor e não vendido. Nosso país precisa de uma volta à
Palavra de Deus, às doutrinas da graça.
Verdadeiro arrependimento é
concedido por Deus, por meio do Espírito Santo e manifestado numa vida de
santificação. Com o verdadeiro arrependimento vem uma mudança de mente e
coração, um desejo forte de viver uma vida que cresce no conhecimento do Senhor
e na santificação.
Nas Igrejas reformadas as pessoas
não se tornam membros da noite para o dia, a qualquer forma. Não podemos ver o
que se passa no coração, mas a frutificação do Espírito é inconfundível. Pontos
importantes da vida cristã autêntica:
(1) A pessoa confesse a sua fé
Cristo como seu Salvador; saiba o que a Bíblia diz sobre a redenção pessoal
realizada por Cristo na cruz que isto é real na sua vida. Plano da salvação.
(2) que a pessoa creia que já tem o
perdão e vida eterna em Cristo Jesus.
(3) que a pessoa deve estar vivendo
de forma coerente e aplicando os princípios da fé em sua vida.
A Igreja verdadeira é aquela onde se ensina a Bíblia como única
regra de fé e prática.
A Igreja verdadeira é aquela onde o culto é reverente e dedicado à glória de Deus. Não é um show; o homem não está no centro, mas Deus. Nesta igreja os crentes se preocupam com a honra a Deus, onde o povo de Deus tem um encontro com Ele. Jamais, um culto onde um grupo de pessoas estão assistindo outras fazerem apresentações; coisa horizontal entre pessoas que não têm reverência.
A Igreja verdadeira é aquela onde o culto é reverente e dedicado à glória de Deus. Não é um show; o homem não está no centro, mas Deus. Nesta igreja os crentes se preocupam com a honra a Deus, onde o povo de Deus tem um encontro com Ele. Jamais, um culto onde um grupo de pessoas estão assistindo outras fazerem apresentações; coisa horizontal entre pessoas que não têm reverência.
Onde o povo não está na presença de
Deus; apenas buscam manifestações e sinais. A verdadeira igreja de Cristo adora
a Deus em Espírito, em verdade e em reverência.
O tamanho da igreja não é medido
fisicamente, mas espiritualmente. Não medimos o sucesso da igreja pelo seu
edifício ou quantas pessoas estão dentro dele. O tamanho do edifício ou do
número de membros não é uma manifestação do sucesso da igreja, mas o tamanho de
maturidade espiritual dum povo que vive a Palavra de Deus.
As igrejas sempre estão falando do
Espírito Santo, mas pouco se fala do fruto do Espírito (Gl 5). Como isso é
raro! O fruto do Espírito não são coisas espetaculares, impressionantes, mas é
uma vida simples de serviço. Você não pode pular e gritar: “Eu sou livre!” Mas não
tem autocontrole. Você não pode gritar: “Eu tenho amor!” Mas amar é algo que se
demonstra ao próximo. Isso é difícil de ser visto, de ser manifestado, porém,
são as marcas da vida de Cristo, na pessoa.
Jesus disse que “uma geração
perversa e má, busca sinais”. A igreja de Cristo não busca sinais, nem coisas
que impressionem, ou prédios cheios de pessoas, mas busca crescimento no Senhor
Jesus Cristo; crescimento espiritual e amadurecimento em Cristo.
Como podemos crescer assim? Como
podemos manifestar o amor de Cristo em nossas vidas? Como podemos testemunhar
cada vez mais da obra de Jesus Cristo em nossos corações? Temos uma fonte: A
Palavra de Deus. Devemos sempre voltar à Palavra de Deus — Reformado, e sendo
transformado.
Nesta fonte somos fortalecidos na
nova vida em Cristo. Nesta fonte somos cada vez mais ensinados pela graça de
Deus que nos liberta do pecado; ela nos aperfeiçoa, nos faz mais maduros até o
dia da Sua vinda. Tudo isso é possível se estivermos bebendo desta fonte.
Observando a questão do
arrependimento que está na primeira tese de Lutero: “Nosso Senhor e mestre
Jesus Cristo, em dizendo, arrependei-vos, afirmava que toda a vida dos fiéis
deve ser um ato de arrependimento”. Lutero chamou a Igreja para voltar ao
ensino da Palavra de Deus. A vida cristã é uma vida de santificação onde a
Palavra de Deus está agindo cada dia mais nos filhos de Deus.
Isso é verdade em nossas vidas?
Isso está sendo ensinado nas igrejas ditas evangélicas? Vamos trabalhar e orar
para que Deus aja em nosso país e produza a reforma que precisamos.
Paz nO Caminho!
Brasília-DF, 30 de outubro de 2016.
Pr Flávio Teles
Bibliografia
Site:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_Solas
Boyer,
Orlando. Os Heróis da Fé, CPAD, Rio de Janeiro, 2002.
Texto de Pr. Kenneth Wieske, A Reforma Protestante e a Igreja
hoje, 2001.
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