Irmãos, nós não somos profissionais

O pregador […] o é um profissional; seu ministério o é uma profissão;
é uma instituição divina, uma devoção divina.
E. M. BOUNDS

Somos loucos por causa de Cristo, mas os profissionais o sensatos; somos fracos, os profissionais, porém, o fortes.
Eles o sempre honrados, mas ninguém nos respeita.
o tentamos garantir um estilo de vida profissional;
antes, passamos fome, sede, nudez e falta de morada.
JOHN PIPER

Irmãos, s o somos profissionais

Nós, pastores, estamos sendo massacrados pela profissionalização do ministério pastoral.A mentalidade do profissional o é a mentalidade do profeta. o é a mentalidade do escravo de Cristo. O profissionalismo o tem nada que ver com a essência e o cerne do ministério cristão. Quanto mais profissionais desejamos ser, mais morte espiritual deixaremos em nosso rastro. Pois não existe a versão profissional do tornar-se como criança (Mt 18.3); o existe compassividade profissional (Ef 4.32); o existem anseios profissionais por Deus (Sl 42.1).
No entanto, nossa primeira atividade deve ser ansiar por Deus em oração. Nossa atividade é chorar por nossos pecados (Tg 4.9). Por acaso existe choro profissional? Nossa atividade é prosseguir para o alvo para ganhar a santidade de Cristo e o prêmio do chamado soberano de Deus (Fp 3.14); esmurrar o corpo e o reduzir à escravidão para o sermos desqualificados (1 Co 9.27); negarmos a s mesmos e tomarmos a cruz ensanguentada todos os dias (Lc 9.23). Como é possível carregar uma cruz de modo profissional? Nós fomos crucificados com Cristo e vivemos pela fé naquele que nos amou e a si mesmo se deu por s (Gl 2.20). O que seria, então, a fé profissional?

o devemos nos encher de vinho, mas do Espírito (Ef 5.18). Nós somos os inebriados de Deus, loucos por Cristo. Como é possível se embriagar com Jesus profissionalmente? Então, maravilha das maravilhas, foi-nos concedido transportar o tesouro do evangelho em vasos de barro para que a excelência do poder seja de Deus (2Co 4.7). Existe um modo de ser um vaso de barro profissional?

De todos os lados somos pressionados, mas o desanimados; ficamos perplexos, mas o desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas o destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus (profissionalmente?), para que a vida de Jesus também seja revelada (de forma profissional?) em nosso corpo (2Co 4.8-11).

Porque me parece que Deus nos colocou a nós, pregadores, em último lugar no mundo. Somos loucos por causa de Cristo, mas os profissionais o sensatos; somos fracos, os profissionais, porém, o fortes. Eles o sempre honrados; mas ninguém nos respeita. Não tentamos garantir um estilo de vida profissional; antes, passamos fome, sede, nudez e falta de morada. Quando somos amaldiçoa- dos, abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos com amabilidade. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo (1Co 4.9-13). Temos mesmo?

Irmãos, s o somos profissionais! Somos rejeitados. Somos estrangeiros e peregrinos no mundo (1Pe 2.11). A nossa cidadania está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador (Fp 3.20). Não se pode profissionalizar o amor por seu aparecimento sem matá-lo. E isso significa morrer.

Os objetivos de nosso ministério o eternos e espirituais. Eles não o compartilhados por nenhuma profissão. E é precisamente pela inabilidade de percebê-los que estamos morrendo.

O pregador que concede vida é um homem de Deus, cujo coração está sempre sedento de Deus, cuja alma está sempre seguindo com afinco a Deus; cujos olhos estão fixos em Deus e em quem, pelo poder do Espírito de Deus, a carne e o mundo m sido crucificados e seu ministério se apresenta como a corrente abundante de um rio doador de vida.1

Decididamente, o fazemos parte de um grupo social com os mesmos objetivos dos outros profissionais. Os nossos alvos são um escândalo, o loucura (1Co 1.23). A profissionalização do ministério é uma constante ameaça à ofensa do evangelho. É uma ameaça à natureza profundamente espiritual do nosso trabalho. E tenho visto com frequência: que o amor do profissionalismo (em paridade com os profissionais do mundo) mata a crença do homem de ter sido enviado por Deus para salvar as pessoas do inferno e para torná-las glorificadores de Cristo, estrangeiros espirituais no mundo.
O mundo estabelece a agenda do homem profissional; Deus estabelece a agenda do homem espiritual. O vinho forte de Jesus
Cristo rompe o odre do profissionalismo. Existe uma diferença infinita entre o pastor cujo coração se dedica a ser profissional e o pastor cujo coração deseja ser o aroma de Cristo, o cheiro de morte para uns e a fragrância de vida eterna para outros (2Co 2.15,16).

Ó Deus, livra-nos dos profissionalizantes! Livra-nos da mente pequena, controladora, idealizadora e do caráter manipulador em
nosso meio.2 

Deus, dá-nos lágrimas por nossos pecados. Perdoa- nos por sermos o superficiais na oração, o vagos na compreensão das verdades sagradas, o insensíveis diante dos vizinhos que perecem, o desprovidos de paixão e seriedade em nossas conversas. Restaura-nos a alegria infantil pela nossa salvação. Dá-nos temor por meio do poder e da santidade assombrosos daquele que tem o poder de lançar corpo e alma no inferno (Mt 10.28). Ensina-nos a carregar a cruz com temor e tremor como a nossa árvore da vida cheia de esperança e ofensa. o nos concedas nada, absolutamente nada, do que importa aos olhos do mundo. Que Cristo seja tudo em todos (Cl 3.11).

Elimina o profissionalismo de nosso meio, ó Deus, e em seu lugar dá-nos uma oração apaixonada, pobreza de espírito, fome de ti, estudo rigoroso das coisas sagradas, devoção fervorosa a Jesus Cristo, extrema indiferença diante de todo lucro material e o la- bor incessante para resgatar os que estão perecendo, aperfeiçoar os santos e glorificar nosso soberano Senhor.
Humilha-nos, ó Deus, sob tuas mãos poderosas, e levanta- nos o como profissionais, mas como testemunhas e participantes dos sofrimentos de Cristo. No maravilhoso nome dele. Amém.

De John Piper.

NOTAS

1  John Piper e Wayne Grudem: Recovering Biblical Manhood and Womanhood: A Response to Evangelical Feminism. Wheaton, IlI.: Crossway Books, 1991, p.16.
2  Richard Cecil citado em E. M. Bounds, Power through Prayer. Grand Rapids, Mich.: Baker Book House, 1972, p.59.

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