Plenitude do Espírito Santo
Efésios 5.18 E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas
enchei-vos do Espírito;
Hernandes Dias Lopes, Comentário Efésios - Hagnos
Os
imperativos do enchimento do Espírito Santo
A
forma exata do verbo plerouste é
sugestiva e, isso, por várias razões:
Em primeiro lugar, o verbo
está no modo imperativo. “Enchei-vos”
não é uma proposta alternativa, uma opção, mas um mandamento de Deus. Não ser
cheio do Espírito Santo é pecado. Certa feita, um diácono da Igreja Batista do
Sul, dos Estados Unidos, procurou Billy Graham para falar-lhe acerca da
necessidade de disciplinar um diácono por causa de embriaguez. O evangelista
veterano perguntou se algum diácono daquela igreja já havia sido disciplinado
por não ser cheio do Espírito Santo. Temos a tendência de ver a transgressão
apenas na embriaguez, e não na falta da plenitude do Espírito. A ordem para ser
cheio do Espírito é válida para todos os cristãos em qualquer época e em
qualquer lugar. Não há exceções. A conclusão lógica é que, se recebemos a ordem
de ser cheios do Espírito, estamos pecando se não formos. E fato de não estarmos
cheios dele é um os maiores pecados contra o Espírito Santo. Uma das orações do
grande reavivamento do País de Gales foi esta:
Enche-me,
Espírito,
Mais
cheio do quero estar;
Eu,
o menor dos teus vasos,
Posso
muito transbordar.
A.W. Tozer é enfático quando diz que
todo cristão pode receber um derramamento abundante do Espírito Santo em uma
porção muito além da recebida na conversão. Conforme já comentamos, Dwigt L.
Moody experimentou esse derramamento do Espírito Santo quando andava, certa
feita, pela Wall Street, em Nova Iorque. A partir daquele dia, seus sermões
eram os mesmos em conteúdo, mas não em resultado. Quando ele pregava, os
corações se derretiam. Ele chegou a dizer que não trocaria essa experiência
bendita nem mesmo por todo o ouro do mundo.
David Brainerd, missionário entre os
índios peles-vermelhas que experimentou poderoso avivamento no meio da selva e
viu centenas de índios antropófagos sendo salvos, escreve em seu diário: “Oh! Uma hora com Deus ultrapassa
infinitamente todos os prazeres e deleites deste mundo terreno”. No dia 8 de
agosto de 1745, o próprio Brainerd relata a manifestação poderosa do Espírito,
enquanto pregava aos índios: Enquanto eu discursava publicamente, o poder de
Deus pareceu descer sobre a assembleia como um vento impetuoso, o qual, com
espantosa energia, derrubava a todos à sua frente. Fiquei admirado diante da
influência espiritual que toma conta quase que totalmente da audiência, não
podendo compará-la com outra coisa senão com a força irresistível de uma
poderosa torrente de uma inundação crescente, que, com seu insuportável peso e
pressão, leva de roldão a tudo e a qualquer coisa em seu caminho. Quase todas
as pessoas, sem importar a idade, foram envolvidas, inclinando-se sob a força
da convicção, e quase ninguém foi capaz de resistir ao choque daquela
surpreendente operação divina. Homens e mulheres idosos, que tinham sido
viciados em álcool por muitos anos, e até algumas crianças pequenas, de não
mais de seis ou sete anos, pareciam estar aflitos devido ao estado de suas
almas, genuinamente sensibilizadas para o perigo que corriam, com a maldade de
seus corações, com a sua miséria por estarem privados de Cristo”.
Em segundo lugar, o verbo está na forma plural. Essa ordem é endereçada à totalidade da comunidade cristã. Ninguém
dentre nós deve ficar bêbado; todos nós, porém devemos encher-nos do Espírito Santo.
A plenitude do Espírito Santo não é um privilégio elitista, mas, sim, uma
possibilidade para todo o povo de Deus. Curtis Vaughan diz que a experiência da
plenitude do Espírito Santo não deve ser encarada como excepcional nem como
prerrogativa de alguns poucos privilegiados. Nas palavras do profeta Joel, a
promessa do derramamento do Espírito rompe as barreiras social, etária e sexual
(Jl 2.28,29).
Em terceiro lugar, o verbo está na voz passiva. O sentido é: “ Deixai o
Espírito encher-vos.”. Essa expressão pode ser parafraseada assim: deixem que o
Santo que os selou e os santificou envolva-os e possua-os de tal forma que
vocês sejam como vasos imergidos em sua corrente pura; e, depois, entregando o
coração sem reservas a ele, vocês, todos os departamentos da vida de vocês.
Ninguém pode encher a si mesmo do Espírito. Nenhum homem pode soprar sobre o
outro para que ele receba a plenitude do Espírito. O sentido não é o quanto
mais do Espírito nós temos, mas o quanto mais o Espírito tem de nós. O quanto ele
controla a nossa vida. Ser cheio do Espírito é não o entristecer, nem apagá-lo,
mas submeter-se à sua autoridade, influência e poder.
Em quarto lugar, o verbo está no tempo presente contínuo. No grego há
dois tipos de imperativo: 1) aoristo -
que descreve uma ação única. Exemplo: em João 2.7, Jesus disse “ Enchei de
águas as talhas”. O imperativo é aoristo,
visto que as talhas deviam ser enchidas uma só vez; 2) presente contínuo –
descreve uma ação contínua. Exemplo: em Efésios 5.18, quando Paulo nos diz “Enchei-vos
do Espírito”, é imperativo presente, o que subentende que devemos continuar a
nos encher.
A plenitude do Espírito não é uma
experiência de uma vez para sempre que nunca podemos perder, mas, sim, um
privilégio que deve ser continuamente renovado pela submissão à vontade de
Deus. Fomos selados de uma vez por todas, mas temos a necessidade diária de
enchimento.
Paz nO Caminho!
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